terça-feira, 29 de julho de 2008

Terá acabado,
O motivo porque escrevo
Agora que passam meses
Sem que toque
Algo que se pareça
Com uma sensação real...













Volto aos mesmos lugares
E não te encontro
E a perspectiva do futuro
Faz com que tudo pareça
Como se até ao fim
Fosse tudo correr
De igual forma…

Olho para longe
A pensar se o teu cheiro
Foi real alguma vez
Ou se não terá sido
Apenas e sempre
Uma recordação
De algo que gostaria
De ter visto
Acontecer…

quarta-feira, 25 de junho de 2008

Ao contrário do que se diz
O mundo parece alargar-se
À medida que vejo cada vez mais curta
Esta vida de andar por aí...



















Longe olho o horizonte

A pensar quantos recantos
Ainda mais longe existirão
Que nunca pisarei...

Nas escolhas que se fazem e como em cada uma
Sinto que morro mais um pouco após
Cada regresso...


Entretanto vou parando aqui e ali,
Saboreio em pequenas doses
O meu álcool solitário
Que nos desenganos já percebi
Que não acompanha nem alimenta

Sublimando-se apenas
Em breves momentos
Imediatamente esquecidos
E nunca sequer relatados
Em versos...

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Hoje não te vi
Porque baixei o olhar
Antes que desviasses o teu...




















Na realidade és apenas mais um
Dos que comigo partilham
Este clima de ódio cordial...


Chamamos-lhe relação
De uma forma quase profissional
Porque no reino das pessoas
Aparentemente sérias
Escondemos desta forma
O que realmente sentimos
E a etiqueta nos impede
De bradar frontalmente...

Estranho é este mundo de adultos
Em que o conceito de amigo se alarga
Àqueles que apenas suportamos
Em troca de potes de ouro
Que nos sufocam e arrastam
Penosamente para os dias
Do fim...

sexta-feira, 14 de março de 2008

Hoje desliguei o rádio e conduzi para casa em silêncio.
Não porque me desse prazer escutar o motor do carro
Mas apenas porque não havia música que servisse...



















É um pouco como os dias em que não escrevo
E apenas desenho a mesma flor de sempre...
Como se o repetir do mesmo gesto
Trouxesse clareza a pensamentos
Que nunca saberei se virei a ter...

A verdade é que a espiral descontrolada se iniciou
Provavelmente muito antes do momento em que o percebi
E não me refiro na demagogia da poesia
À inevitável morte que se aproxima a passos largos...
Refiro-me sim à inocência com que ousamos construir
Quando não somos donos da terra em que lançamos alicerces
E não controlamos sequer a estabilidade do terreno...

A espiral de que falo quase de olhos fechados
Não é mais do que o terramoto que deita por terra
Dia após dia, os castelos de cartas
Que insisto continuar a construir...

E volto a dizer que não falo da morte
Porque também não é poesia
O que escrevo neste momento...

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2008

É quase de olhos fechados
Que deixas os dias passar por ti
Como cigarros que se acendem
Com a ponta do anterior...














Primeiro é a velocidade,
Depois a indiferença...
Mais tarde o desejo
De que tudo termine...

Ao mesmo tempo
Perdes-te no álcool
Para que não recordes
Quanto tempo passou
E o que poderias
Ter feito de diferente...

Mesmo que não te percas
Usa-lo para que a embriaguês
Te adormeça
E te precipite de forma indolor
No dia que se segue...

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Há dias que vives
No limite das forças
Mas com a noção
De que te encontras
Apenas a meio do caminho...














Em breves momentos
Fechas-te na tua concha
E aproveitas a fracção de um segundo
Para respirar...
O frio à tua volta é tal
Que a solidão não parece ter efeito
E o negro da noite é a luz
Que te dá alento...

Entretanto olhas
O caminho percorrido com indiferença
E perguntas-te sobre momentos
Que parecem ser histórias
Que alguém te contou

Perguntas, porque...
Nada te parece nítido nem verdadeiro
Porque sentes que te abraças
Sem que na realidade
Estejas realmente contigo...

terça-feira, 8 de janeiro de 2008

Teria continuado
A pensar
Nas teias intrincadas
Do trabalho
Se não fosses tu...



















Nunca saberei
Quem és...

Mas sei que
Pensas como eu
Quando saboreias
O teu álcool solitário...

Mentalmente
Peço-te desculpa
Por ousar perturbar
A tua paz com a ousadia
De escrever sobre ti...
Imaginando conversas
Que não tivemos
Pelo simples facto
De nunca nos termos
Encontrado...

É um enigma
O que aconteceria
Se não fossemos nós...
Se o que escrevo
Fosse diferente
E não fosse sequer
Escrito por mim...

Se não estivéssemos
Aqui...