quarta-feira, 31 de janeiro de 2007

Silenciosamente,
Vês-me cambalear de cansaço
Como se no meu estado quase letárgico
Pudesse ser o destino
Tal como te contara o oráculo...



















É temendo o perigo

De um toque que te olho vezes sem conta
Esperando que não leias de mim

O que provavelmente mais quero que saibas...
Ao invés trocamos banalidades

E revelamos a pouco e pouco
Quase como que para mudar de conversa
Um pouco de nossos corpos...

Trocamos as voltas ao mundo
Que a nudez não mais constrange
E vem sendo refúgio
Para que o desejo faça esquecer
Verdades não reveladas
Que de tão dissimuladas
Nos levam a procurar
acasos
Que de tão obvios
Se recusam a jogar como nós...

sexta-feira, 19 de janeiro de 2007

O pai natal for provavelmente
A primeira mentira social que desvendaste
Estranhas que lhe chame assim
Com esta estranha e deslavada falta de respeito
Mas a verdeade é que por algum motivo
Há dias em que te assalta a revolta de descobrir
Que todos os teus santos têm pés de barro...




















Contas nas lagrimas que te percorrem a face

As desilusões do que não tens
Perante evidencias de que à tua volta
Todos são felizes...

E tu pessoa abandonada pela sorte
Afastas-te e excluis-te porque não és digna
Intitulas-te uma criatura do submundo das trevas
Desvalorizas o teu sorrizo
E amaldiçoas pelo abandono
Os pequenos momentos de prazer
Que tiveste oportunidade de experimentar...

Enganam-te os livros que lês
Enganam-te os sentimentos
Que te levam a acreditar na plenitude
Que não existe...

Enganam-te os teus amigos felizes
Quando te mostram a superficialidade de uma historia
Tal como mais um livro que lês...

terça-feira, 16 de janeiro de 2007

“Não interessa o meu nome…”
Disseste-me enquanto viraste suavemente o rosto
Deixando-me quase ver
A tua vontade de soltar uma lagrima de raiva
“Afasta-te... Deixa-me!!!...”













Negaste a minha ajuda quando me ajoelhei a teu lado
Ignoravamos a chuva que caia, o frio
O facto de sermos desconhecidos
As dores que nos faziam trocar insultos
Sem que fossemos culpados de coisa alguma...
“Não preciso!!!...”
Mas não importava
Tal como tu havia fugido e não queria
Voltar para trás...
Lembro-me da lama no teu cabelo
Da luz dos relapagos
O som dos trovoes
E ao longe a musica repetitiva em altos berros no radio do meu carro
“Porque é que paraste???... Vai-te embora!!!...”
Na realidade não sabia...
Tinha parado e fizera-me nada
Quando fechei a porta do carro
Como se tivesse fechado a porta para o resto da minha vida...
Não sabia quem eras, mas também já não me conhecia
Não te amava, mas isso também não tinha importancia
Nada existia atrás de mim para que me pudesse voltar...
“Porque choras homem!!!???....”
E que te interessava...
Chorava por ti e por mim,
Ou simplesmente porque estava triste
Podias ter fingido que eram gotas de chuva,
Mas não o fizeste talvez por inveja...
Ter-te-ia dado a mão para que chorasses comigo,
Mas não quiz que o contacto nos levasse
A imagens idiotas cheias de casais apaixonados
Não precisava disso nem da chuva que me gelava os ossos!!!...
“O que me fizeste???...”
Perguntaste-me no soluço que antecedeu a tua primeira lagrima...

domingo, 14 de janeiro de 2007

É verdade que nos temos encontrado
De forma pura e simplesmente casual
Na forma de beijos
Em que num quase descuido
Os lábios practicamente se tocam...



















É nestes infinitamente pequenos momentos
Que se concentra a força de universos
E todas as palavras que a vida
Não tempo para que digamos...

Provavelmente houve outras vezes
Em que nos tocamos
E acabamos por fazer amor
Sem pensar no que se seguiria...

E foste várias vezes outras pessoas
Em outras realidades
Mas sempre o mesmo desejo...

Lembro-me dos dias em que parti
Não a partida casual de quem volta sempre
Mas os dias em que as lágrimas ditaram
Que não poderia voltar...

Perguntaram-me em tempos se te procuro
Assim como te perguntei se me perdoarias
Com a consessão de breves momentos de conversa
Em que provavelmente não saberei o que dizer...

Responde quase sem que o perceba o silêncio
Que por causa do que realizamos e perdemos
Me ensinaste um dia a cuidar no que desejo...

sexta-feira, 12 de janeiro de 2007

Fechas os olhos na busca da ausência de gravidade
Está escuro e rolas pelo indefinido
Onde as vozes que ouves gritam
Sem que lhes percebas a razão...














Semi-entorpecido pela vontade de adormecer
Vislumbras o que poderia ser o resto
De uma leve sensação de vertigem...

Perguntas porquê,
Mas não consegues compreeder
Que a ausência de medo
E outros sentimentos
Outrora infantis
Te secam as lagrimas...

É tarde...
E o atrito do tempo
Queima a vontade de voltar atrás...

Rodopias na inércia
Mas como apenas te sentes parado
Sem que o percebas,
Não te parece assim tão mau
Que a vida passe por ti...

quarta-feira, 10 de janeiro de 2007

Há dias em que ser racional e positivo é de tal forma impossivel que nada mais resta do que tocar a embriaguês em busca de um qualquer suporte para algo que não sabemos sequer o que é... Escrevemos sobre contradições e como terminamos as frases a meio e com um elegante engenho no uso da palavra intitulamos-nos poetas...


Talvez seja "amodes que"... Uma daquelas necessidades de sermos alguma coisa ou de pertencermos a algum esterotipo que um dia nos faça notaveis e nos dê a falsa sensação de que agradamos a alguém ou que ajudamos alguém a ir ainda mais fundo no seu estado de já profunda depressão...

Ser alguma coisa é imperativo nos dias de hoje... Assim como ter um motivo ou um destino...

Salvaguardo pois aqui a minha necessidade esporádica de não ser nada, de não saber para onde quero ir, e principalmente de me refigugiar e esconder os meus verdadeiros pensamentos por trás de labirintos intrincados de escritos que podem parecer ter algum encanto para outras mentes igualmente embriagadas e enganadas sobre o verdadeiro sentido do que não fazem...